sexta-feira, 12 de junho de 2015

PRA MINHA NAMORADA

Namorar você é bom demais
Te namoro ao vivo, em pensamento.
Calado, falante sereno, ciumento, a todo momento.
Namorar você é bom demais.
Brigas, ciumes queixas...
Tudo fica pra traz quando me beijas.
Tudo fica lindo quando me beijas.
Tudo pega fogo quando me desejas.
Sabe, quero continuar te namorando
Mas, somente por um tempo,
Minha namorada querida,
Um tempo chamado vida.
Pode ser que nos separemos ou não
Pode ser que nos abandonemos ou não.
O que não posso é te esquecer
Você me ensinou a não querer te perder.
Meu presente é melhor com você
Meu passado foi melhor com você
Meu futuro será melhor com você
Meu eu é melhor com você.
Jaime 12/jun/2015 (cheio de vontade...)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Um Olhar

O olhar,
um certo olhar,
diz mais do que as palavras que podem ser medidas
brecadas ou comedidas pra evitar feridas.
O brilho do olhar,
ao olhar,
fala do que a boca busca ocultar.
Vontade de tocar, ouvir, beijar,
sentir, estar....
É isso que se esconde no olhar
e que é visível a quem sabe olhar.
Profundo o desejo de ocultar
o que não consegue o olhar.
Paixão que pode conjugar
o verbo amar.
Tudo está no olhar,
é só buscar no olhar...

sábado, 14 de março de 2015

Parte do Sonho Já é Realidade

Parte do sonho já é realidade. 
Meu livro no formato e-book(digital) já está à venda na Amazon em todas as lojas pelo mundo
O livro impresso não demora, faltam alguns detalhes de impressão. 
O link abaixo é de compras no Brasil. 
Você que tem conta especial no Kindle terá promoções fornecidas por eles

terça-feira, 10 de março de 2015

Arauto do Sangue IV: A Traição

A mente de Hugo, o Arauto do Sangue, estava indo embora. Já estava quase impossível ter um único pensamento...
Foi quando uma luz extremamente forte brilhou entre as pedras negras da Besta Ancestral.
O corpo de Hugo, antes jogado ao chão, sem vontade própria foi levantado pela Besta. Seus múltiplos olhos fitaram Hugo por um tempo que lhe pareceu uma eternidade.
A Besta olhava a alma de Hugo, o Arauto de Sangue,  soube disso ao conseguir novamente pensar e observar, as únicas coisas possíveis de se fazer naquele momento.
A Abominação entrou na mente de Hugo e, instantaneamente soube tudo o que o Arauto vivera até ser dominado pela pedra negra.
Algo parecido com um diabólico riso trovejou na mente de Hugo.
A Criatura viu o quanto seu Arauto era voltado para o mal, viu nele muitas possibilidades de uso. Isso salvou Hugo de ser drenado ali mesmo.
Com Hugo em suas poderosas garras, a criatura foi até o lado de fora de onde estavam as pedras negras que estavam drenando a mente e o corpo de Hugo e, enquanto decidia o que fazer com o Arauto do Sangue, o jogou no chão inóspito do lugar. Hugo não conseguia mexer nenhum músculo, tanto pelo medo que sentia como pela influencia das pedras negras.
A hedionda criatura, após algumas horas de reflexão, pegou o corpo de Hugo que estava sendo parcialmente devorado por vermes muito comuns e vorazes do local onde estavam e o ergueu acima da cabeça enquanto pronunciava encantamentos em uma língua ancestral.
Os vermes que ainda estavam no corpo de Hugo e os que estavam no local morreram todos de uma vez.
O Arauto do Sangue, ao ser colocado de volta ao solo, já era um ser diferente de qualquer criatura viva. Era uma cópia menor da Besta que o modificara para seus sanguinários propósitos.
As pedras negras já não exerciam poder algum sobre Hugo, que agora as controlava e elas docilmente lhe obedeceriam a menos que contrariasse o seu senhor bestial.
O Arauto sentiu uma sede infernal que só seria saciada com sangue. Alguns animais estavam próximos do local e Hugo, com o poder mental que agora possuía aproximou-se deles sem que pudessem sair do lugar. Apenas emitiam um som vindo como que um choro.
Após drenar o sangue de todos os que viu, Hugo sentiu sua sede acalmar.
Seu mestre, com uma imitação de risada bestial, aprovou seu Arauto.
Mentalmente Hugo soube que seria eternamente servo daquele ser, cuja maldade podia sentir ainda que estivesse em outro planeta.
Os poderes de Hugo cresciam à medida que drenava sangue de suas vítimas.
Um plano audacioso começou a se formar em sua mente ainda mais doentia e inescrupulosa. Enfrentaria a Besta de igual pra igual quando surgisse a oportunidade. até então a serviria como o mais fiel dos servos.
A restrição feita pelo Celestial  que aprisionara a Besta em Ricarium através de magia ancestral não impedia Hugo de sair do planeta. A Besta, mesmo ciente de que seu Arauto a trairia assim que tivesse uma chance, enviava Hugo a missões onde as pedras negras não poderiam ir pois precisavam dos círculos de pedra do Celestial para poderem seguir seu rastro de luz.
Hugo rivalizava seu mestre em crueldade. Os locais onde era enviado após sua passagem eram completamente devastados. Hugo passou a odiar toda forma de vida e a olhar tudo como fonte de energia. Até as plantas tinham a energia drenada por Hugo, que, embora preferisse o sangue de todos os seres que o possuíam, também aprendeu a extrair a seiva vital das árvores. Em todos os mundos visitados por Hugo, o Arauto do Sangue, a vida deixava de existir antes de sua partida.
Com uma crueldade sem limites, Hugo brincava com a comida antes de tudo destruir. Chegava aos diferentes planetas como se fosse um enviado dos céus que a todos iria premiar ou castigar. Construía com seu poder mental todo um sistema religioso ligado a sacrifícios e mortes de inocentes até que o sangue restante estivesse contaminado pela adrenalina da culpa e da ganancia, o que o tornava especialmente delicioso para Hugo. Seu mestre recebia o sangue dos sacrifícios e Hugo reservava para si o sangue dos sacrificadores. Ou por tédio ou por achar sua missão cumprida, na maioria das vezes, após um ano local, o Arauto exterminava toda forma de vida em apenas dois dias locais. Muitos seres eram apenas dilacerados para aumentar o medo dos outros e, assim tornar o sangue mais rico em adrenalina, ou seja, mais saboroso.
Hugo era agora o Arauto favorito da Besta aprisionada em Ricarium. As pedras negras estavam vibrando intensamente cada vez que Hugo voltava a Ricarium. Elas o temiam e reverenciavam assim como os 12 outros Arautos da Besta, únicos remanescentes dos  Sanguis, uma das duas castas de Ricarium.
Hugo sentia que seu poder e influência sobre os outros Arautos e as pedras negras seriam de grande valia para enfrentar a Besta Ancestral. O que o Arauto não sabia era que a Besta sabia de cada pensamento seu e de todos os outros Arautos. As pedras negras também vibravam mais intensamente quando Hugo estava perto porque a Criatura assim o queria. Nenhum dos Arautos, inclusive Hugo, seria páreo para a Abominação Ancestral presa em Ricarium pelo Celestial.
Hugo, há um ano local em Ganimedes, uma das luas de Júpiter, o maior planeta do sistema solar,
entediado, matou dezenas de habitantes das mais variadas formas só para se distrair. O local, um imenso templo com a imagem de Hugo, cultuado por eles por temor e desejo de poder, possuía o formato de uma arena onde cabiam milhares de seres, amontoados e em pé ao redor. No local havia, no centro um imenso fosso e uma espécie de bacia, para aonde escorria o sangue dos degolados seres sacrificados apenas para aplacar a fúria do Arauto. No fosso eram jogados os corpos após terem escorrido todo seu precioso sangue na bacia imensa.
Após as coletas de sangue dos sacrificados, todos viam um objeto parecido com uma imensa carruagem partir em direção das estrelas. Era o recipiente criado pelo Arauto para levar o sangue ao seu mestre.
O Arauto soube assim que chegou a Ganimedes que o sangue esverdeado dos habitantes quando submetido ao "stress" extremo, tornava-se levemente avermelhado e criava enzimas que o tornavam "venenoso", causando uma espécie de torpor que deixava o Arauto sonolento e com os poderes diminuídos.
O Arauto do Sangue viu ai sua oportunidade de enfrentar a Besta com chances de sucesso. Coletou o máximo que pode do sangue expondo antes os sacrificados a intenso "stress" para garantir a toxidade do sangue e o enviou ao mestre, que, devido as limitações dos outros Arautos e as pedras negras, estava já há algum tempo com o estoque de sangue baixo.
Em dois dias O Arauto do Sangue exterminou cinco milhões de seres em Ganimedes, todos sob intenso "stress" e enviou a coleta a seu mestre.
A Besta ingeriu quase a metade do sangue que seu Arauto favorito trouxera. Parte foi dada aos 12 outros Arautos e parte foi usada para banhar as pedras negras, que passaram a emitir um brilho esverdeado intenso.
Todos menos Hugo foram tomados por uma letargia incontrolável e foram caindo um a um dominados pelo sono. A Bestial criatura foi o último a se deixar vencer.
O Arauto ordenou às pedras que drenassem a energia vital dos outros Arautos, cada uma o que a servia. A de Hugo há muito já não existia pois fora absorvida pelo seu mestre a fim de deixar seu Arauto preferido com mais liberdade de ação.
Assim fizeram as pedras negras e todos os Arautos foram esvaziados de energia vital.
Só estavam vivos e atentos Hugo e as pedras negras, que sem seus Arautos e sem sangue puro, tornavam-se cada vez mais fracas.
Foram dias até que as pedras negras deixassem de pulsar e representar perigo a quem atacasse seu criador.
Hugo pacientemente aguardou o momento de atacar seu mestre, a Besta Ancestral. Usando todo seu poder, o Arauto, armado de uma imensa espada que pertencia à Besta, desferiu um golpe no pescoço que separou o corpo da cabeça da criatura medonha.
Com um riso enlouquecido, Hugo se sentiu a criatura mais poderosa da criação. Nada mais havia a temer, derrotara o ser mais poderoso e maldoso que conhecera. Sentiu-se vingado pela morte de todos que conhecia e pelo extermínio da humanidade.
Para ter certeza de que seria o único sobrevivente daquele lugar, resolveu ir ao núcleo do planeta e explodir tudo com um artefato mil vezes mais poderoso que a mais poderosa bomba atômica. Armou o artefato e partiu para o espaço de onde apreciaria sua obra destruidora.
A explosão não aconteceu. O tempo passava e nada da explosão. O Arauto desceu novamente ao planeta para verificar o porque.
Assim que pousou na superfície, garras envolveram seu pescoço e o ar lhe faltou de imediato.
A Besta o erguera do chão e o fitava com seus múltiplos olhos, as garras apertando cada vez mais...
O Arauto sentia as unhas entrando em sua carne e a vida indo embora cada vez mais rápido. Olhou ao redor e viu os outros 12 Arautos olhando seu fim com as medonhas faces demonstrando crueldade e prazer.
Acordou com a criatura despachando os outros 12 cada um para lugares onde estavam os templos circulares criados pelo Celestial.Agora junto com as pedras para apressar a destruição e a coleta de sangue. Seus  poderes se equiparavam aos do traidor.
A Besta olhou para Hugo assim que o último Arauto do Sangue partiu. Hugo não podia se mexer, seu corpo pesava toneladas.
 Sentia uma sede avassaladora, tudo faria para saciá-la. Drenaria o próprio sangue se conseguisse.
Uma imensa cicatriz era visível no pescoço da Abominação. Como era possível ela estar viva?
Aliás, por que Hugo ainda continuava vivo depois de trair seu mestre?
A Besta pousou seus vários olhos em Hugo e mentalmente lhe contou que ambos estavam amaldiçoados para sempre. Ele porque era imortal, Hugo porque a Criatura assim o queria.
Mostrou ao Arauto as diferentes cicatrizes e buracos que não cicatrizavam em seu abominável corpo. Ao longo dos séculos muitos tentaram matar a criatura sem sucesso, os ferimentos que não cicatrizavam haviam sido feitos pelo Celestial, que também não poderia matar a Besta.
A Besta confessou a Hugo que sabia de seus planos para matá-lo e até os incentivou, só para fazer o Arauto ter falsas esperanças e sofrer mais um pouco.
O peito de Hugo estava ferido e seu pescoço também. Foi avisado pela Besta que as feridas jamais cicatrizariam.Diminuiriam à medida que o Arauto drenasse sangue novo, mas jamais cicatrizariam.
Eram agora e para sempre coparticipes da materialização dos piores pesadelos possíveis. Tinham toda a eternidade para se odiarem e compartilharem a sina.
Um como mestre, outro como Arauto.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Arauto do Sangue III: A Origem da Pedra Negra

Eles eram um povo esquecido em um ponto esquecido da constelação de Virgem, cujo planeta, Ricarium, era banhado por Spica, a estrela mais brilhante da constelação.
Os Ricariunois tinham uma divisão de castas bem simples, os Phari e os Sanguis. Os Phari cultuavam a alegria e a paz e buscavam constantemente o progresso de todos, já os Sanguis, que eram a maioria, viviam para a magia e faziam de tudo para aprender cada vez mais a usar a natureza a seu favor, inclusive seres elementais com os quais mantinham estreita relação. A paz entre as duas castas sempre estava por um fio, os Phari não aprovavam o uso de magia embora consultassem os Sanguis quando precisavam de respostas para demandas.
Como os Phari possuiam os recursos financeiros, cada vez que os Sanguis precisavam ir a uma das luas de Ricarium, seu planeta natal em busca de minerais e plantas especiais, eram obrigados a satisfazer os caprichos dos donos das naves espaciais. Os pedidos iam de pequenos favores ao sacrifício de vários Sanguis em batalhas mortais para diversão dos Phari.
Ao longo da história houveram muitas guerras entre as castas e em todas a vitória foi dos Phari, donos da tecnologia. Os Sanguis foram reduzidos a uma população de 1200 na ultima e mais sangrenta de todas as batalhas. Morreram 1200000 Sanguis para que 1200 conseguissem acesso a uma caverna que levava às profundezas do planeta.
Havia lá um templo mais antigo que o mais antigo morador de Ricarium. Lá os Sanguis conseguiriam sua vingança...
As escrituras falavam de um ser ali adormecido que tinha o poder de um Deus e poderia dividir com eles seu poder e conhecimentos. O ser era uma estátua de 15 metros e semblante demoníaco como nunca se viu. o corpo era totalmente coberto por escamas e espinhos grandes. Os pés eram circulares e possuiam um único dedo. As mãos eram garras com tres dedos cada, terminando em unhas que lembavam punhais. Possuia 6 olhos e uma cabeça descomunal.
Os Sanguis eram grandes, 2,5 metros de altura mas pareciam anões comparados à criatura.
O medo tomou conta deles, a maioria teria voltado atras se não fosse a influência de Oppida, seu mestre. Aos gritos ele ordenou silêncio a todos e começou o ritual que despertaria a criatura de seu sono milenar enquanto seus iguais morriam aos montes na superfície do planeta.
Os olhos do medonho ser começaram a se abrirem, sua mão direita, em uma velocidade inconcebível, agarrou o mestre dos apavorados Sanguis e o levou até a altura de seu rosto.
Oppida sentiu o hálito da morte bem de perto. Seu sangue batia a uma velocidade tão alta que ele suava sangue.
A criatura, em agradecimento pelo seu despertar, fez com que Oppida e todos os seus seguidores derramassem seu sangue cortando os pulsos e se alimentou dele. Nenhum deles pode resistir ao poder mental da criatura. Depois de saciada a sede por sangue, os reviveu com uma forma parecida com a sua, aberrações em tamanho menor e com apetite infinito por sangue. Oppida recebeu instruções de como criar a pedra através de alquimia ancestral e magia negra. Oppida e seus seguidores criaram 1200 pedras negras que seriam portais que os levaria a planetas onde, em tempo ancestral um ser de poder quase infinito se dedicou a ajudar no desenvolvimento das criaturas que neles viviam.
A criatura era inimiga deste ser e fora derrotada por ele em tempos imemoriais e aprisionada por encantamento em sono profundo, que seria eterno não fosse a intervenção de Oppida e os seus.
A criatura ensinou a Oppida e seus seguidores como viajar através da magia da pedra negra e ir para os portais semelhantes a Stonehange da Terra, colocados pelo ser ancestral nos mundos para viajar e levar ajuda, paz e conhecimento aos diferentes seres humanoides pelo cosmo infinito. No passado ancestral ele era cultuado nesses monumentos e aguardado com ansiedade pelos líderes dos povos visitados.
Antes de derrotar o bestial ser devorador de sangue, temendo ser seguido por ele aos locais onde oferecia sua ajuda, o ser celestial deixou em cada um dos templos portais parte de sua pele com um encantamento que tornaria impossível à Besta de sair do portal.
O Ser Celestial derrotou a Besta e a aprisionou em Ricarium, um planeta distante da constelação de Virgem e nunca mais voltou pois não seria necessário. A Besta jamais acordaria por seus próprios meios. Caso acordasse, ela exterminaria a todos e dormiria de novo quando não houvesse mais sangue para drenar. A Besta não poderia sair de Ricarium, os encantamentos cuidariam disso.
A Besta sabia que não poderia sair de Ricarium e sua vingança seria o extermínio de todos os humanoides ajudados pelo Ser Celestial. Para isso criou os 1200 filhos de seu ódio pelos humanoides protegidos do Celestial. As pedras seriam encolhidas e enviadas aos templos de todo o universo, pegando carona no rastro de luz do Celestial.
Ao chegar nos templos ela exerceria influência sobre os nativos para que de lá fosse retirada e banhada em sangue, que na quantidade exata, abriria caminho para as criaturas entrarem e também enviaria a pedra de Volta a Ricarium de tempos em tempos para manter a Besta desperta e poderosa. Cada pedra tinha autonomia para visitar 2 mundos antes de voltar a Ricarium para ser esvaziada do sangue coletado e receber energia da Besta para as viagens entre os mundos.
Na Terra, local onde o ser Celestial costumava voltar a cada 4000 anos, sacerdotes de um tempo mais antigo que a história descobriram a pedra negra e resistiram ao seu poder o suficiente para descobrir que o pedaço de pele do Ser Ancestral tinha poderes sobre a pedra negra. Depois de tentarem destruí-la de todas as formas sem sucesso, enrolaram a pedra no couro e a mantiveram longe dos olhos das pessoas por vários séculos.
Os Guardiões da pedra negra tinham vida curta e sofrida. Ela não os dominava mas drenava suas vidas e raros eram os Guardiões que viviam até os 30 anos.
Com o passar dos séculos, os Guardiões descobriram que a pedra devia ficar longe da luz, embrulhada no couro e que ficava menos forte quando os Guardiões eram todos de uma mesma família. Os laços de sangue, amor e a disposição de morrerem uns pelos outros a enfraqueciam.
Mulheres jamais deveriam se aproximar da pedra no período menstrual sob pena de serem dominadas por ela. Foram várias as mulheres sacrificadas por perderem o controle nesse período e tentarem fazer sacrifícios para a pedra.
A Pedra Negra foi mantida sob controle a custa de muito sacrifício e dor. Magos Negros da Terra souberam da existência dela e de tudo fizeram para conseguir o artefato. Sempre foram derrotados e a pedra era mudada para lugares de difícil acesso à magia.
Os guardiões tiveram seu temor aumentado quando os Magos Negros criaram jogos de RPG tendo a Pedra Negra como objeto de infinito poder e despertaram nos jogadores a ideia da existência da pedra e, consequentemente, a curiosidade e o desejo por possuí-la.
Templos e Igrejas foram invadidos, bibliotecas destruídas e todo tipo de tentativas aconteceram para achar a pedra negra, até mesmo os soldados de Hitler procuravam pela pedra durante a guerra.
Os Guardiões a esconderam em locais óbvios e a pedra ficou esquecida por muito tempo, tornando-se uma lenda pra grande maioria.
Ficou escondida até Marco a descobrir e contar para Hugo e Israel, que exterminaram os últimos guardiões dela para se tornarem donos do poder da Pedra Negra...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Isso Irrita!

Se tem um lugar onde você presencia ao vivo o desrespeito e o desamor pelo próximo, esse lugar é o estacionamento do supermercado(hiper e mini tanto faz).
Não basta a sacanagem de, de novo, eliminarem as sacolinhas plasticas dos caixas, os preços abusivos em certos itens, um preço na gondola outro no caixa, ainda tem o estacionamento....
Domingo, fui a dois mercados, um atacadista e o outro de uma rede razoavelmente grande aqui em São Paulo. Como fui acompanhar um casal de amigos, decidi esperar no estacionamento. 
Pude ver com indignação a atitude das pessoas.
Teve um Gerson(sempre quer levar vantagem) que simplesmente furou a fila de entrada do estacionamento e ficou falando no celular enquanto mulher e filha entraram no mercado.
Inúmeras pessoas retiravam as compras dos carrinhos e simplesmente encostavam o carrinho vazio na traseira do carro estacionado ao lado ou em uma vaga destinada a carros.
A distancia é curta para deixar o carrinho no lugar certo, mas a falta de respeito, civilidade, carinho pra não falar coisa pior, é maior que tudo.
Deu nojo, Vi algumas com adesivos de igreja, criticas ao governo e etc... no para-brisa do carro e atitude foi a mesma, deixaram o carrinho encostado no carro de outro.
Só vi 2 pessoas colocarem o carrinho no lugar certo em 2 horas e 30 min que fiquei ali olhando.
Nem os idosos que tanto reclamam de seus direitos demonstraram respeito pelo próximo.
Culpar a quem se o País não anda, se, mesmo nas mínimas coisas as pessoas não demonstram educação e respeito???



comente!!!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Poema Grupal (Facebook)


Aquele homem sentado a beira da estrada.
Só estava sentado, mais nada.
Toda aquela gente passava
Cada um do seu jeito o olhava...
Tres o acharam cansado,
Talvez, pensaram, carregasse algum pesado fardo...
Teve um que achou que ele estava pensando na vida,
Afinal, é necessário pensar na vida.
Dois passaram e pensaram que ele esperava alguém,
Parte da vida a gente passa esperando alguém!
A grande maioria, dez, achou que ele só estava sentado,
Nada mais havia ou haveria, só estava sentado.
Deixando a vida passar é o que faz a maioria 
Apenas fica sentada vendo passar o dia...
Quem fica sentado ainda contribui
Para o movimento do universo que sempre flui
E leva quem passa a pelo menos um pouco refletir
Antes de seu caminho seguir.
Nada na vida é inútil,
Até mesmo um homem sentado a beira do caminho é útil.
Obrigado a quem gastou um tempo pra comentar
Saiba que assim você me ajudou a criar.
Você que só leu também ajudou,
Pois se leu e não respondeu, pensou.
Quando propus a questão num post anterior
Era pra fazer um desafio criador
Você escolheria
O caminho que tomaria
Essa poesia.
Eu a escreveria.
Tudo terminado,
Espero que tenham gostado 
E a todos meu muito obrigado!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Arauto do Sangue II: A Chegada Em Huram

Hugo e a pedra negra apareceram num monumento semelhante a Stonehenge em Huram, pequena lua de Angredoes, um dos planetas de uma galáxia a vários anos-luz da Terra.
A gravidade parecia semelhante a da Terra, pouco importava, Hugo intuia que, fossem quais fossem as condições do lugar, seu corpo se adaptaria.
Olhou para a pedra, tão pequena que caberia em sua mão, pensou em destrui-la, mas teve medo de que caso o fizesse, também morresse.
Ainda estava nítido em sua mente o cenário que vivera e presenciara na Terra. Todos os amigos e conhecidos agora deveriam estar mortos. A culpa maior era dele que, querendo os poderes dela, destruira a vida de Israel, seu melhor amigo. O sangue de Israel fora o primeiro a alimentar os poderes da pedra negra, que trouxera, sabe-se lá de onde, as horrendas criaturas através da passagem nela criada com o sangue de incontáveis pessoas. As criaturas chegaram uma a uma até o total de 1200, número suficiente para exterminar a vida na Terra. A sede por sangue era interminável, sugerindo a Hugo um longo período sem se alimentarem. Seriam as horrendas criaturas capazes de ficarem sem alimento por séculos?
Como aquela família que havia exterminado em companhia de Israel tinha conseguido manter a pedra negra inativa por tanto tempo?
As respostas a essas perguntas talvez significassem vingança e liberdade.
A pedra precisava de sangue, Hugo soube assim que saiu do centro do monumento e olhou os seres muito semelhantes aos humanos dançando ao redor pelo lado de fora. Queria avisá-los do perigo mas não podia, a pedra negra o comandava e, provavelmente não saberia falar a lingua deles.
Os seres pararam de dançar e olhavam aquele estranho ser parecido com eles só que muito mais alto e todo manchado com um líquido viscoso que lembrava sangue. A pedra negra, escondida na mão do Arauto vibrava levemente.
Hugo, agora era o Arauto do Sangue, aquele que precederia a extinção de todos aqueles seres, inocentes ou não.
Caminhou para a saída da formação de pedras secularmente arranjadas em círculo, como a nossa Stonehenge. Quem as colocara ali? Quem colocou as da formação semelhante na Terra?
Ao chegar á parte onde sairia do círculo de pedras, seu corpo foi ficando mais pesado, cada passo parecia pesar toneladas, tudo em seu corpo era dor. Sentiu que cairia se continuasse. Não podia parar, a pedra não permitiria, ele soube.
Não poderia ficar e não sabia se conseguiria dar o passo seguinte, suas pernas pesavam toneladas...
Um dos seres, parecendo o que seria um ancião na Terra, aproximou-se de Hugo e o saudou na língua local. O Arauto, sem saber como, entendeu a saudação e respondeu que vinha das estrelas para aquela lua, Huram, trazendo a paz que seus senhores haviam prometido. Também disse, sem poder comandar o que sua boca dizia, que precisaria de sacrifícios de sangue para a aplacar a ira que haviam despertado por não obedecerem as regras dos Deuses Ancestrais. Prometeu ao Ancião que ele seria poderoso e teria tudo que quisesse, bastando para isso, que os sacrifícios começassem já naquele dia. O sangue de bebes nascidos no dia anterior seriam todos impuros e deveriam ser sacrificados aos Deuses Ancestrais. O sangue deveria ser todo retirado através de um corte na garganta que separasse a cabeça do corpo de cada bebe, que deveria estar  preso pelos pés e com a cabeça para baixo. Seriam 12 bebes de cada vez. Tudo aconteceria em um altar que já existia nas montanhas próximas ao local onde estavam, era só levar os bebes e fazer o sacrifício quando a pedra negra estivesse no centro do altar encaixada em um orifício a ela destinado.
Hugo chorava e as lágrimas não saiam, só as palavras que sua boca dizia mas que ele não comandava, era a pedra falando através dele.
O Ancião, entre temeroso e determinado, estendeu a mão para pegar a pedra negra das mãos de Hugo ao comando dela dado pela boca de Hugo, o Arauto do  Sangue.
Hugo queria de toda forma reagir, não conseguia.
Os seres, que lembravam os druidas terrestres, partiram com a pedra e Hugo não conseguia sair do círculo de pedras, cada vez que tentava, seu corpo ficava mais pesado e dolorido. Simplesmente não podia se aproximar da saída que, ironicamente não possuía portas, nem precisava, a barreira era invisível...
Não parava de pensar nos horrores que viriam. A sede de poder estava nos olhos do Ancião. Ele faria tudo o que fora ordenado. O Arauto sabia. Ele era a testemunha viva do poder da cobiça.
Só restava a ele aguardar e ser novamente testemunha de outro massacre em nome da cobiça de alguns e da fome insaciável de outros.
Sentado no centro da formação de pedras, local onde podia ficar sem dor ou peso excessivo dos membros inferiores, o Arauto do Sangue viu alguém se aproximando do local. A fêmea era linda e corajosa, enquanto todos seguiram o Ancião, ela ficou e se aproximou de Hugo sem demonstrar medo. O Arauto levantou-se e aguardou, era quase tudo que poderia fazer.
Nada do que ela disse Hugo entendeu. Tentou falar e, para sua surpresa, a voz saiu:
- Saia daqui e destrua a pedra, ela vai fazer todos serem exterminados!
Ela nada entendeu. Hugo lembrou de Israel e de Marco, ambos tinham o hábito de dizerem que, se não fossem entendidos, desenhariam.
Com o dedo, desenhou o horror que estava nítido em sua mente em detalhes no chão.
A "mulher" olhou, olhou e, assustada fez gestos para o Arauto, perguntando através deles se era o que aconteceria caso continuassem a contrariar os Deuses Ancestrais.
Hugo, desesperado, negou com a cabeça, aquilo aconteceria quando a pedra negra estivesse banhada em sangue, explicou através de gestos.
Ela, finalmente entendendo Hugo, fez gesto para que ele a seguisse. O Arauto não podia sair do círculo sob pena de morrer, explicou, através de gestos novamente.
Ela se foi e ele ficou fazendo  o que podia fazer. Esperar.
Em um tempo que lhe pareceu uma eternidade, ela voltou em companhia de outros seres, dentre eles um que não parecia ser daquela lua.
O ser caminhou diretamente na direção do Arauto do Sangue e, como quem reconhece um inimigo, interrogou mentalmente:
- Quanto tempo até começar?
Hugo respondeu também mentalmente:
- Já começou, assim que o sangue das crianças banhar a pedra negra, eles vão começar a vir e não haverá mais como resistir ao poder da pedra e depois ao deles, quando ficarem fortes o suficiente.
- Sabe como combatê-los?
- Não sei, quando fui mandado para cá, eles já haviam exterminado praticamente toda a raça humana.
- Minha missão é proteger essa lua com minha vida. Precisa haver uma forma...
- Espere, na Terra havia um grupo de pessoas que mantinha a pedra negra longe da luz e do sangue, envolta em uma espécie de couro com uns caracteres estranhos. Também o círculo de pedras estava parcialmente destruído.... Falou Hugo, sabendo que talvez não sobrevivesse à destruição do mesmo.
- Sou Cauã, o protetor de Huram! Exclamou o ser.
Cauã fora deixado em Huram pelos Guardiões da Natureza há vinte anos e deveria observar a formação onde estavam e destruir os seres que por ali chegariam. Os Guardiões eram seres gigantescos que não caberiam naquela lua de forma alguma. Tão gigantescos eram que não eram percebidos.
A descrição que o Arauto do Sangue deu dos seres horríveis que entrariam em Huram através da pedra negra batia com a que os Guardiões lhe deram. Possuía poderes que o tornavam um superser comparado aos demais mas sabia que não poderia enfrentar os Ricariunois, nome dos drenadores de sangue, tão antigos quanto os Guardiões.
Era Cauã também um Arauto, só que com a missão de impedir o ataque e, consequentemente, o extermínio de toda uma raça.
- Você sabe que tenho que destruir esse lugar não é?
- Sei, e também sei que provavelmente morrerei com isso. Vá em frente.
Cauã com gesto pediu a todos que se afastassem e, com força sobrenatural para um humano, começou a derrubar a formação ancestral.
De longe, um dos seguidores do Ancião que levara embora a pedra negra, correu para avisar seu mestre do que estava acontecendo. O Ancião, com os olhos revirados e enegrecidos, ordenou que um grupo atacasse os destruidores do Templo enquanto apressava os preparativos para os sacrifícios.
A batalha foi sangrenta, muitas mortes depois e um templo parcialmente destruido, com pedras de algumas toneladas espalhadas pelo chão e o Arauto do Sangue encolhido no centro foi o resultado.
Cauã, mesmo muito ferido era o único em pé ao término da luta.
De seu ponto de observação, Hugo tudo assistiu sem poder intervir. Cada pedra que caia do círculo era aumento de dores em seu corpo. Quando Cauã atirou uma das pedras de toneladas sobre um grupo que acabara de matar o último dos seus aliados, Hugo viu algo que estava sob a pedra.
Era um couro igual ao que vira enrolado na pedra negra no dia em que matou Israel.
Chamou Cauã e lhe mostrou o que poderia salvar Huram do extermínio, pelo menos enquanto a pedra nele estivesse enrolada.
Cauã queria terminar de destruir a formação de pedras, foi ai que Hugo lhe contou que na Terra a formação igual àquela estava muito mais destruída e, ainda assim, provavelmente todos foram exterminados. Era mais urgente envolver a pedra negra naquele couro e mantê-la longe da luz.
Cauã foi ao local onde os sacrifícios já haviam começado, o sangue de 12 bebes já banhava a pedra, que já estava adquirindo o brilho avermelhado que precederia a vinda de seus mestres, os Ricariunois, e sua sede insaciável de sangue. Seu tamanho já era o dobro de quando chegara em Huram.
O Ancião e seus seguidores atacaram Cauã que os dizimou e foi mortalmente ferido pelo Ancião que morreu em suas mãos. Cauã em seus últimos momentos, enrolou a pedra no couro e a enterrou o mais profundo que pode em uma caverna próxima dali. Morreu com um sorriso no rosto. Sorriso dos que cumprem a missão que lhes foi dada.
Hugo continuou ali, sentado. O tempo passou e passou...
O Arauto adormeceu e acordou em um lugar horrível e cheio de pedras negras. Sua mente foi se perdendo, já não racionava, foi lentamente perdendo a noção de tudo.
Em Huram, alguns seres encontraram uma caverna com um esqueleto enorme caído sobre um buraco parcialmente fechado onde, após algumas escavações, foi encontrada uma estranha pedra negra embrulhada em um couro com inscrições em uma língua estranha.
Um deles sacou uma arma e começou a atirar nos outros. A pedra negra seria dele, só dele...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Alguns Softwares Legais de Usar

Bem, já faz algum tempo que não posto algo sobre softwares que facilitam o dia-a-dia de nós, apaixonados por computadores.
Deixarei aqui uma lista com alguns dos que acho mais importantes no uso constante com uma breve descrição e, para baixá-los, clique no próprio nome do programa.

aTube Catcher - Acho ótimo quando o assunto é baixar e converter para o formato desejado os videos do Youtube. O programa é totalmente grátis e baixa diretamente do Youtube, Stage6, MySpace,Dailymotion, Google Vídeos, etc... É leve e intuitivo, além de ser também em portugues. Também permite gravar tudo que voce ve na tela, fazer dvd com o que baixar. É mais rápido baixar com ele do que assistir nos sites, além do que, estando no seu computador, voce assiste quando quiser. Vem com alguns programas no instalador, eu não uso nenhum deles. É só tomar cuidado na instalação e desmarcar todos os 'X'. Só no antivirus oferecido que voce deverá escolher a opção 'i decline' para não instalar, o resto é só desmarcar o 'x'.

ConvertXtoDVD - O melhor e mais fácil programa para converter seus vídeos e filmes em dvd. Suporta os principais formatos da internet  (Xvid, MOV, VOB, MPEG, MPEG4, MP4, AVI, WMV, DV e streams). O dvd fica como os profissionais com menu, legendas separadas, etc. Voce cria o dvd com 3 ou 4 cliques. Aqui coloco a versão grátis para teste.

WinRAR - Animal para compactar e descompactar os arquivos da internet. O único que usa mais de um núcleo de processamento da CPU. Não é o que deixa os arquivos em menor tamanho mas é o mais usado. A versão aqui é gratis por 40 dias, depois voce pode usar pra sempre apenas fechando a janela que pede o registro. Antes de baixar verifique seu sistema operacional e se ele é de 32 ou 64 bits no caso do windows.

qBittorrent - Na minha opinião o melhor para baixar no formato torrent, tão popular nos sites de download. Além de tudo, possui um sistema de buscas integrado para pesquisar diretamente sem necessidade de estar nos sites. Em portugues, grátis e fácil de usar.

Everest Home Edition - Quer saber sobre a placa mãe, memória, disco rígido e etc..., e do sistema operacional, como Service Pack e versão do DirectX, etc...? Esse é o programa. Em portugues, grátis e fácil de usar. Aviso importante: não se atualizará mais, poderá ficar obsoleto com o tempo e não conseguirá detectar informações de hardware e software  mais recentes.

Espero que gostem, no futuro, talvez, mais alguns.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ETs, Eles Estão Entre Nós, Esperando...

Ele saia pontualmente às 5:00 horas todos os dias da semana e voltava às 24:00 horas. Sempre vinha com uma mala grande que retirava na porta da casa antes de estacionar o carro.
O que passou a intrigar ainda mais um de seus vizinhos foram alguns sons ininteligíveis que ouvia vindos da casa do Estranho, como todos o chamavam. Seu nome era Peter alguma coisa, ninguém conseguia pronunciar seu sobrenome.
Era um zumbido constante e que nunca aumentava ou diminuia, sempre baixinho.
A casa sempre estava às escuras, mesmo quando Peter estava lá.
Ciro, seu vizinho mais curioso, perdia noites de sono observando e ouvindo atentamente os sons vindos da casa de Peter.
Em suas observações notou que Peter, o estranho, era excessivamente branco e parecia emitir um certo brilho nos olhos como o dos animais no escuro. Também notou que o estranho não aparentava possuir pelos pelo corpo, uma vez que, pelo binóculo com que o observava, notou que não possuía barba ou sobrancelhas. Outras partes do corpo, à exceção das mãos e do rosto nunca eram visíveis.
Peter tinha uma descamação no rosto constante e parecia sempre estar com frio pois não tirava o sobretudo que usava sempre que era visto.
Ciro não aguentava mais de tanta curiosidade e decidiu entrar na casa de Peter, o estranho, na sua ausência.
Esperou que Peter saísse no domingo, dia em que todos estão mais preguiçosos e domem até mais tarde, e levou a cabo suas intenções.
Sabia o quanto era errado o que faria mas não hesitou, queria por fim a pelo menos parte daquele mistério que tirava seu sono e o sossego.
Arrombou a porta dos fundos da casa com todo cuidado para não levantar suspeitas. Munido de uma lanterna e uma faca escondida no cinto da calça, entrou.
A escuridão era total, exceto pela luz que a lanterna propiciava. Chegou à sala, nenhum móvel estava lá, o mesmo na cozinha. Subiu as escadas, abriu a porta de um dos quartos e também nenhum móvel havia.
O segundo quarto estava trancado e alguns sons, além do constante zumbido, eram ouvidos, não dava para distinguir o que eram, o medo e vontade de sair dali começaram a tomar conta de Ciro. Quem ou o que estaria produzindo os barulhos?
Se saísse jamais saberia. Foi com esse pensamento que começou a forçar a porta, que custava a ceder.
O suor escorria em bicas, a garganta seca, as pernas e mãos tremulas ante a expectativa...
Os sons cessaram assim que a porta começou a abrir com um rangido que acordaria até defuntos segundo a percepção exaltada de Ciro, que temia o que encontraria no quarto.
Tomou coragem e, antecedido pela luz da lanterna, entrou.
Seu coração parecia que saltaria pela boca quando a luz iluminou um deles. Era um ser pequeno, quase do tamanho de uma criança, com uma cabeça desproporcionalmente grande para o tamanho do corpo. Os olhos eram imensos e sem sobrancelhas ou pálpebras. A boca era diminuta, não possuía orelhas aparentemente. A pele era levemente acinzentada.
A criatura buscou sair da claridade e Ciro não conseguia se mexer, preso à surpresa. Outros vultos eram visíveis e Ciro dirigiu a luz na direção deles. Eram todos semelhantes e não era possível distinguir um do outro, tamanha a semelhança.
Ciro contou cinco seres. A luz da lanterna dançava pelo aposento de um lado para o outro, iluminando cada um dos seres que alcançava.
A lanterna caiu da mão de Ciro quando iluminou um dos cantos do lugar. Ali estavam empilhados ossos de várias pessoas ao lado de um estranho aparelho que emitia um zumbido. Só os ossos, muitos ossos.
Ciro ficou paralisado quando as criaturas se moveram na escuridão em sua direção. Temia ter o mesmo fim dos donos daqueles ossos jogados no canto daquele quarto. Queria correr, gritar, lutar, qualquer coisa menos ficar ali parado.
Só pode aguardar enquanto as criaturas se aproximavam. Um torpor tomava conta dele à medida que chegavam mais perto. Um deles fez um gesto e uma leve e azulada luz transformou a escuridão em penumbra.
Estavam em semicírculo ao seu redor e olhando para seus olhos, unica parte do corpo que podia mover. Se foram horas ou minutos, não saberia dizer, perdeu a noção de tempo.
Peter chegou. A penumbra diminuiu um pouco e ficou acinzentada. Peter começou a olhar para as criaturas e todas saíram do quarto.
Em sua voz sibilante, falou:
- Muito bem, Ciro.
- Por que?
Ciro, achando que não conseguiria falar, articulou uma resposta:
- Curiosidade e burrice. Balbuciou.
- Você sabe que a curiosidade matou o gato, não é?
- Não quero morrer! respondeu Ciro, ainda mais assustado.
- Por que pensa que vai morrer?
- Aqueles ossos...
- São de pessoas há muito falecidas e que usamos para criar um remédio para muitas doenças. Respondeu Peter com algo que pareceu um riso.
- Mas, as criaturas não são humanas. Elas não se alimentam de seres humanos?
- Claro que não, embora adorem carne crua!
- Eles comem carne de animais somente?
- Não. Se faltar a carne animais, eles provavelmente voltarão a comer carne humana.
Ciro, apavorado, afirmou:
- Se você não os alimentar, eles irão devorar as pessoas da vizinhança?
- Primeiro serão os animais de estimação, depois...
Ciro, temendo pelo rumo da conversa, ficou calado e tentava desesperadamente se mexer. Não era possível, só olhos e boca funcionavam. Pensou em gritar por socorro mas temeu o que lhe aconteceria antes do socorro chegar, se viesse.
- Vejamos, falou Peter, te dou a eles como refeição, te deixo em um lugar de onde não voltará ou te mato e enterro no quintal depois de tirar todos os seus ossos?
Ciro gemeu, Suas calças estavam molhadas, soube, mesmo não podendo sentir ou mover-se.
Peter olhou serio para Ciro e revelou:
- Estamos buscando formas de evitar o fim de vocês, humanos. O planeta está morrendo, e com ele, vocês!
- Algumas doenças já extintas no passado estão voltando de forma mais difícil de tratar.
- Os recursos naturais estão caminhando para não mais existirem.
- A natureza, para se manter em funcionamento, está vendo vocês como o inimigo a ser destruído e está mudando as condições para dificultar ao máximo a sua sobrevivência com terremotos, erupções, mudanças climáticas e etc...
- Vocês serão exterminados antes que exterminem tudo!
- Fomos nós que demos a vocês as ferramentas para o desenvolvimento industrial e maneiras para modificar a natureza. Somos responsáveis indiretamente pelo que fazem e viemos tentar ajudar de novo ou exterminá-los de vez!
- A primeira leva de nós veio para estudá-los e ver se o desenvolvimento era sustentável.
- Claro que alguns de nós somos canibais e achamos vocês um prato suculento...
- Estamos nesse momento criando remédios que curarão quase todas as doenças e buscando o contato com os governantes para influenciar a mudança. Caso não funcione, a maioria de vocês virará gado para alimentar várias raças e o restante será usado como escravos.
- Não iremos permitir que seres inferiores destruam o equilíbrio do universo.
- Nossos governantes sabem de vocês?
- Sim. Todos sem exceção sabem de nós. Uns mais, outros menos. Todos sabem.
- Então vocês sempre estiveram entre nós?
- Sim, estudando, ensinando e comendo algumas centenas de vocês!
- O prazo final é breve. Não poderemos adiar mais. Vocês melhoram ou viram comida e escravos.
- Eu não sabia da existência de vocês nem que seriam juízes da raça humana. Não é justo!
- Os Avatares sempre foram enviados a vocês por nós e vocês não lhes deram ouvidos, preferindo rezar sem nunca mudar de verdade.
- Só estamos aguardando que os últimos de boa índole mudem a coisa ou morram tentando...
- Você vai me matar?
Não, seria suspeito e, quando mudarmos essa pequena de muitas bases, ninguém irá acreditar em você, como não acreditam nos abduzidos.
Assim, após um tempo que não soube calcular, Ciro virou mais um dos atormentados que buscam convencer a todos do que viu e ouviu deles, que estão entre nós aguardando...



comente, é bom e eu gosto!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Arauto do Sangue: A Pedra Negra

Olhando paralisado para aquela pedra negra, Hugo viu tudo que perdera para consegui-la. Matara seu melhor amigo e companheiro de tantas outras aventuras para não ter que dividir a pedra negra que daria poderes incomparáveis ao seu dono.
O sangue de muita gente fora derramado pela posse da pedra. Hugo e Israel, seu melhor amigo, haviam matado uma família inteira para tomá-la. Até um bebe fora morto pela dupla.
Sentiria saudades de Israel, pensava Hugo. Foram muitas aventuras e desventuras até descobrirem a existência da pedra negra citada em um livro de RPG.
Marco, outro parceiro de jogos e algumas aventuras, foi quem lhes falou onde poderia estar a pedra negra do jogo. Havia uma casa próxima de onde moravam em que as pessoas tinham um comportamento assustado e desafiador. Os vizinhos evitavam os moradores da casa que sempre tinha as luzes apagadas fosse qual fosse o horário do dia ou da noite, nem mesmo quando o bebe chorava elas eram acesas. Muitos diziam ouvir sons estranhos vindos da casa e os animais domésticos enlouqueciam e fugiam do contato com os moradores da casa nas raras vezes em que saiam, geralmente a noite.
Marco, por morar mais próximo da casa escura, como todos a chamavam, observara por um bom tempo a casa e seus moradores. Havia um comodo que mesmo a luz do dia não iluminava quando a janela era esquecida aberta. Certa vez viu um dos meninos com a pedra na mão e os olhos fora das orbitas olhando hipnotizado para a pedra negra. Ao seu redor tudo era escuridão. Só se via o garoto e a pedra.
Marco quase morreu de susto quando o garoto olhou para ele. Não conseguia se mexer ou articular palavras, só medo, um terror inexplicável pelo que viu ou imaginou ter visto nos olhos do garoto por um minuto que lhe pareceu toda uma eternidade no inferno. A coisa parou quando o pai do garoto tomou a pedra de suas mãos, o agrediu com um soco e fechou a janela. Quando o pai do garoto tocou na pedra, a claridade tomou conta  de todo o ambiente e Marco julgou ter visto vários seres medonhos olhando em sua direção.
Apavorado, correu e contou para os amigos, que, a partir daquele momento, decidiram sem precisarem falar, que seriam os donos da pedra negra.
Armados até os dentes, Hugo e Israel invadiram a casa e começaram a atirar em tudo que se movia na escuridão agora eliminada pelas lanternas e buracos feitos no teto da casa pelos tiros que a dupla disparava com esse fim. Mataram todos, até o bebe, que mais parecia um rascunho de demônio. O pai foi o ultimo, morreu na porta do quarto medonhamente escuro onde a pedra era guardada.
A pedra estava enrolada em uma espécie de couro onde se viam estranhos caracteres em uma língua cuneiforme, provavelmente escrita de um povo esquecido pelo tempo.
Hugo, ao tocar na pedra, perdeu os sentidos. Israel, mais prudente, pegou na parte coberta pelo couro e nada sofreu, aparentemente. Sentiu vontade de matar o amigo ali mesmo enquanto ele estava desmaiado. Não o fez.
Quando Hugo acordou estava na casa de Israel, que olhava hipnotizado para a pedra negra, parecendo estar em outro lugar. Tão absorto estava que não percebeu a faca em suas mãos e o brilho da cobiça em seu olhar. Foram tantas facadas desferidas no amigo que Hugo perdeu a conta.
O sangue de Israel espirrou na pedra, que passou a brilhar em seu tom escuro, parecendo viva.
Hugo só conseguia pensar, não podia se mover. A pedra o possuíra, disso ele tinha certeza. Viu que nunca seria dono dela e sim o contrário, estava irremediavelmente preso a ela enquanto durasse sua vida.
Sangue, ha muito tempo ela não era banhada por ele.
Seus malditos guardiões a privaram por seculos do sangue.
Precisava estar banhada em sangue para dominar o mundo e permitir a vinda deles para esse planeta.
O sangue da humanidade alimentaria seus senhores por meses...
Precisava de seu mais novo escravo para começarem os rituais de sacrifício e muito sangue humano para estar mergulhada.
Ordenou a Hugo que destruísse o pergaminho sagrado que a impedira de dominar completamente a família que era sua guardiã e sabia controlar sua ânsia por sangue humano. Por muitas gerações eles a deixaram sem sangue, o que diminuia sua força. Usara os olhos de um dos guardiões para fazer contato com Marco naquele dia.
O normal seria um dos guardiões ter matado Marco para que não dissesse a ninguém que vira a pedra negra. Erro que custou a vida de todos os guardiões que a vigiavam dia e noite.
Hugo saiu da casa com a pedra no bolso interno de seu sobretudo negro, invadiu um berçário e sangrou todas as crianças que viu, coletando o sangue derramado em uma banheira onde cuidadosamente colocou a pedra. Policiais invadiram o prédio, mais sangue que Hugo ofereceu a pedra negra, que já não cabia na banheira. Ela crescera até o tamanho de um homem. Dentro da pedra já se viam vultos aguardando...
A pedra negra emitia um som rouco e durador que atraiu centenas de pessoas ao prédio. Elas faziam fila para entrar no berçário e se ajoelhavam na frente da pedra para que Hugo lhes decepasse a cabeça, fazendo seu sangue jorrar, encharcando-a cada vez mais de sangue.
Hugo chorava, queria fugir dali mas não podia, sua vontade não contava, era a pedra no comando.
O poder da pedra aumentava exponencialmente na medida que era banhada em sangue. Agora já eram milhares na fila para serem sacrificados.
Hugo viu o primeiro deles sair da pedra, um horror indescritível tomou conta de seu ser. Para descrever o indescritível não existem palavras. Ele teria infartado não fosse a pedra a mante-lo sob controle.
O olhar da criatura era um passeio nos nove circulos do inferno, não viu outras emoções, só um ódio indescritível pelos seres humanos e uma fome insaciável por sangue.
Sentiu que morreria naquele momento.
A criatura o olhou por mais um instante e ele soube da terrível verdade. Não morreria. Depois de trazer todos para servirem o próprio sangue para a criatura e seus companheiros teria seu corpo modificado para buscar mundos em companhia da pedra negra onde existissem humanóides para sevirem de alimento.
Seria o arauto da maldita raça de tomadores de sangue.
Alguns que chegavam na fila tinham as cabeças arrancadas pelas próprias criaturas em sua sede insaciável. Já havia 12 deles no berçário. O cheiro de sangue era  insuportável. Outros homens estavam sendo usados para empilharem os cadáveres, seriam drenados por ultimo.
A pedra parara de crescer e se tornara avermelhada em um tom próximo ao do sangue humano.
Os 12 seres monstruosos não paravam de beber o sangue nem de matar as pessoas que formavam a fila tal qual gado em abatedouro, sabiam que iriam morrer mas não podiam lutar contra isso.
Alguns meses depois as criaturas eram 1200 e a raça humana estava próxima da extinção.
Hugo e a pedra negra foram enviados a uma lua em uma galáxia distante onde seres muito parecidos com os humanos dançavam e brincavam em torno de um templo de pedras circulares...


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Dia e a Noite, O Sol e a Lua

O Dia se sentia muito solitário e, embora tudo acontecesse sob sua luz, nada o alegrava mais.
Ele ia embora sem nunca olhar para traz em sua rotina diária. Sequer sabia o que acontecia e quem o substituia na vida das criaturas por ele e o Sol iluminadas.
O Criador, por motivos dele, em algumas épocas dava ao dia menos horas para compensar as épocas em que o dia precisava durar mais tempo.
Ocorreu que, sem bem saber porque, o dia olhou para traz para ver quem o substituiria. Qual não foi seu espanto ao ver que uma escuridão esmagadora o seguia.
Apressou o passo sem saber porque e aquele dia foi o mais curto de que se teve notícia.
Cansado de fugir, o Dia parou e resolveu encarar a escuridão que parou também a uma distancia segura, foi a mais longa noite.
O dia intrigado com a atitude da escuridão, resolveu voltar. Descobriu que não poderia.
Que mecanismo era aquele que não o deixava retroceder?
Tentou, tentou e tentou até desistir.
Uma voz se fez ouvir acima de tudo, até pensamentos pararam ao ouvi-la:
- O Dia e a Noite devem seguir seu curso sem jamais se tocarem para que toda a criação funcione, cada qual no seu período!
Noite. Então era aquele o nome de quem vinha quando ele ia, pensou o dia enquanto seguia em frente sem ousar contrariar a voz.
Depois de um tempo de meditação e desconforto, o Dia fez um pedido ao Sol, seu olho e farol da criação:
- Meu amigo e fiel escudeiro, será que voce poderia me fazer um favor pessoal?
O Sol ainda mais brilhante prontamente disse sim.
- Sabe, quando me vou e te levo comigo, vem a Noite com sua total escuridão. Eu fiquei morto de curiosidade em saber como é a Noite e o que acontece com a criação quando ela chega mas não posso voltar. Preciso que voce de uma espiadinha e me conte o que acontece, nem que seja só um minutinho.
O Sol pensou, pensou e pensou.
- Está bem, só uma espiadinha, pois, além de ser seu escudeiro, tenho minhas ordens superiores e não devo contrariá-las.
O Dia era pura excitação e expectativa, não via a hora de ir embora para que o sol pudesse dar uma espiadinha e lhe contasse tudo. Mesmo sabendo que levaria uma bronca, foi embora um pouco mais cedo.
A Noite veio, e com ela a escuridão. O Sol, atendendo ao pedido do Dia, rasgou o veu do ceu noturno, clareando tudo e causando um rebuliço medonho na criação. Foi o primeiro eclipse lunar.
Assustado, o Sol rapidamente fechou o rasgo e fugiu para a companhia de seu mestre, o Dia.
Nada precisou dizer, o dia havia visto tudo e fora advertido pelo Criador para que não se repetisse.
O Dia obedeceu e jamais pediria ao Sol para repetir o ato. Ocorre que o Sol viu a Lua, escudeira da Noite, e se apaixonou por ela. Ela também se apaixonou por ele.
Dia e Noite não sabiam o que fazer. Consultaram o Criador e ele, em sua infinita bondade, mesmo sabendo que noite e dia não poderiam coexistir, permitiu a Noite que, durante um período do ano, fosse e deixasse a Lua no ceu por um tempo a mais para que estivesse junto ao seu amado Sol.
Para que Dia e Noite pudessem conversar por instantes, o Criador também permitiu que, de tempos em tempos por Ele determinados, houvessem eclipses lunares e solares, além de criar o entardecer e o amanhecer onde Dia e Noite se tocam antes de trocarem de lugar.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Caminho das Rochas

Ele sabia o futuro desde que aceitou o que teria que fazer. Essa era sua maior tortura.
Trabalhava arduamente no que devia fazer enquanto convivia com o que viria.
Tinha poucos amigos apesar de andar com muita gente.
Seus recursos financeiros praticamente não existiam. Tinha que andar e muito para ir aos lugares onde aprenderia e ensinaria.
Desde seu nascimento tudo era difícil, sua mãe foi guerreira sem igual e o pai enfrentou muito preconceito e zombaria.
Vida cheia de percalços e testes, quase nenhum amparo social, não estudou nas escolas que eram muito poucas e para poucos.
Seu tormento interno a ninguém podia revelar, preferia falar do amor de Deus em todas as situações, talvez esse fosse um fator para que tivesse poucos amigos. Deus tinha muitas regras e poucas coisas de liberdade...
Ele seguiu escolhendo a dedo quem seria louco de acompanhá-lo no sonho de provar que Deus queria e quer todos os homens iguais como os criou.
Criou um sistema no qual todos teriam o suficiente para suas necessidades, nem muito nem pouco, o suficiente. Queria todos preocupados com todos e com muito tempo para estarem juntos e felizes sem esquecer de agradecer a Deus.
Em seu sistema não havia nem haveria chefes ou comandados, patrões ou empregados, donos de mansões nem moradores de rua.
A comida era produzida por todos e comida por todos, assim sobraria mais tempo para o que seria mais importante que tudo; estarem juntos e rindo das dificuldades.
Seu peito foi ficando cada vez mais oprimido quando foi chegando o tempo de sua morte. Ele sabia exatamente como e quando morreria, o que o consolava era sentir que estava cumprindo o combinado com Deus.
Os poderosos queriam seu fim. Os religiosos queriam seu fim. Gente que nem o conhecia queria seu fim...
Ele, apesar de saber o desfecho de sua história, jamais disse qualquer coisa aos outros que mostrasse revolta, até aceitou o beijo de quem o traiu.
Quando desespero o atingiu, procurou um lugar onde ninguém o seguiria e se isolou para meditar. Chorou, sorriu, suou, teve fome, sede, ouviu sussurros que o tentaram a chutar tudo e desfrutar a vida sem se preocupar em cumprir a sina que estava escrita para ele.
Voltou ainda mais determinado, nada o desviaria do caminho que sabia seria doloroso mas necessário.
Reuniu seus escolhidos como amigos e aprendizes de seus ensinamentos que tanto contrariavam os religiosos e poderosos, repartiu a comida e a bebida pedindo que fizessem sempre dessa forma em sua homenagem. Falou aos corações daqueles homens e disse que o pai os amava como eram e que um deles seria a pedra fundamental da sua igreja embora fosse por três vezes negar ser seu amigo, perdoou de antemão ao traidor que comia em sua mesa e também disse que voltaria e eles o veriam.
Falou que eles deveriam espalhar ao mundo o que viram e viveram ao seu lado e que, no futuro creriam muito mais na sua mensagem do que naquele tempo em que caminhou entre eles.
Foi preso, torturado, humilhado e crucificado. Ninguém teve coragem de lutar por aquele que estava morrendo por todos, inclusive os que o odiaram.
Chorou, teve sede e fraquejou, pediu a Deus que, se possível, aquele cálice fosse afastado de si. Era muita dor pra um único ser...
Seu corpo e espírito sofriam o indizível.
Pediu ao Pai que se cumprisse a vontade Dele e assim foi. Morreu para ressuscitar e continuar entre nós para sempre.
Venceu mesmo parecendo ter perdido porque seguiu em frente confiando cegamente em Deus a despeito de tudo que viu e sentiu enquanto caminhava entre nós na carne.
Serão seus problemas, espinhos e sofrimentos maiores que os de Jesus Cristo?
Será que sua cruz é maior e mais pesada que a dele?
Será que Deus te abandonou e não te ouve?
Teria Deus abandonado Jesus?
Pare de achar que seus problemas são maiores do que são, siga em frente e deixe de ficar achando que você é o centro do universo.
O que você não pode e não deve fazer é ficar com pena de si mesmo e culpando Deus ou o mundo pelas situações que você procurou.
Sim, o verdadeiro culpado pelo seu sofrimento ou alegrias é somente você.
Deus te fez livre e capaz de tudo que desejar, tanto para o bem como para o mal.
Tudo e todos interagem na sua vida, mas quem comanda é você!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Um dos Caminhos

Eles se conheceram em um barzinho com música ao vivo.
Veio a vontade de estarem cada vez mais juntos após um período em que se conversaram e foram se conhecendo mais.
Não houve nenhum beijo, carícias ou qualquer toque mais prolongado, apenas era maravilhoso conversarem e beberem juntos. Os assuntos eram os mais comuns; filmes, noticiário, livros e experiencias que cada um tinha. Ele tinha 30 anos e ela 16.
Em uma noite ela exagerou na bebida e, por estar com uma saia muito curta, deixou ver mais do que faria se sóbria estivesse. Ele viu e aquilo mexeu muito com seus instintos. Foi necessário todo autocontrole para não ultrapassar os limites que haviam entre eles sem que tivessem combinado.
Ela se mostrava totalmente disponível. Ele procurava desviar o olhar e as intenções...
Quando ela se inclinou para lhe dar um beijo no rosto após uma frase qualquer ele pode ver parte dos belos e pequenos seios dela. O controle ficou ainda mais difícil.
Inventando um compromisso que não existia ele disse que precisava ir. Ela, com os braços em seu pescoço, pediu para dançarem uma música. Ele tentou resistir, precisava ficar longe daquele corpo que até então não despertara seus desejos. Adorava sua companhia mas, até então não a via como mulher e sim como uma pessoa muito boa de se ter por perto.
Cedeu e dançou com ela com a grande maioria das pessoas os olhando com emoções diversas. A maioria achando errado pois a diferença de idade era visível e estavam muito colados durante a dança.
Ele queria fugir dali de qualquer jeito e a chamou para ir pra fora. Ela aceitou e, abraçando-o bem forte, saiu agarrada a ele como se temesse que evaporasse de seus braços.
Deixaram o bar com a maioria dos olhares em suas costas. Caminharam até o ponto de ônibus, com ela cada vez mais colada no corpo dele e ele cada vez mais preocupado em se controlar. Dizia a si mesmo que era a bebida que estava comandando as atitudes dela e os pensamentos e desejos dele.
O ônibus dela veio primeiro, ela sequer fez menção de entrar, embora ele desse sinal e o veículo parasse. Quando veio o dele ela não o deixou entrar. Já era tarde e ficaria perigoso estarem ali, ele tentou argumentar ao que ela rebateu dizendo que estarem juntos era mais importante que tudo.
Ela tentou beijá-lo nos lábios, ele fugiu. Ela abraçada a ele, juntou mais ainda seus quadris, sentindo a excitação que ele já não podia mais esconder ou resistir.
Ofegante ele a beijou como nunca havia beijado alguém, suas mãos acariciando o corpo dela com sofreguidão. A eletricidade entre os dois iluminaria uma cidade inteira tamanha era a intensidade.
Havia um prédio em construção próximo ao ponto de ônibus e foi lá que fizeram amor até saciarem seus corpos cada vez mais sedentos um do outro. Ela com restos de sangue ainda nas pernas, ele com todo desejo e culpa do mundo, pegaram um táxi e foram para um hotel. Após três dias sem verem a luz do sol e mal se alimentarem, decidiram que era hora de sair dos braços um do outro.
Ele a deixou em casa e seguiu rumo a sua após longo e apaixonado beijo.
Os pais da menina o acusaram de pedofilia e abuso sexual de menor.
Ela protestou, chorou e ele foi preso.
Na cadeia ele foi agredido até a morte pelos outros detentos que, devido a uma gorda propina oferecida pelo pai da menina, foram informados pelo carcereiro tratar-se de um maníaco sexual.
Ela abandonou a casa dos pais e foi morar nas ruas, buscando a morte sem coragem de cometer suicídio. Passou a usar drogas, beber até perder a consciência, sofreu todo tipo de abuso e cometeu vários pequenos delitos.
Sonhava todo dia em estar nos braços daquele que não deixava de amar mesmo estando morto. Ele podia ter morrido para todos, não para ela. Queria matar os pais mas não tinha coragem, queria morrer mas não conseguia...
Um dia, não tendo onde dormir, decidiu ficar em uma igreja. Por volta de três horas da manhã acordou com uma luz intensamente azul e viu dentro dela um vulto. Julgou ser seu amado que vinha buscá-la e se aproximou dela. Um homem de mais ou menos 30 anos com barba até o peito e totalmente vestido de linho branco sorriu para ela, que não conseguia se mexer.
Aquele sorriso fez instantaneamente pararem suas dores, até a fome passou...
A voz não saia da boca, parecia sair de sua imaginação:
- Seu sofrimento termina hoje! Preciso de você, filha do meu amor!
Ela não conseguia falar. Como poderia portador de tanta paz, amor, caridade e tudo que há de bom precisar dela, se só o seu sorriso lhe dava vontade de viver?
Ele, como que ouvindo seus pensamentos, respondeu:
- Preciso de você, filha do meu amor, para contar aos que já esqueceram de que os amo e pedir novamente que amem aos outros como a si mesmos e a Deus sobre todas as outras coisas. São esses os pedidos e as leis que pedi que seguissem antes de me crucificarem mas a maioria já me esqueceu para seguirem outros homens que os escravizam usando a mensagem que deixei.
- Filha do meu amor, seu sofrimento chegou a mim como uma oração verdadeira e estou aqui.
- Suas lágrimas prepararam um caminho de luz que muitos poderão percorrer se você permitir.
Ela, aos prantos, disse:
- Você deve estar enganado. Existem tantas mulheres nas igrejas orando todos os dias, por que eu, que nem lembro de rezar?
- O amor verdadeiro é a maior chave para abrir as portas do céu e você o tem dentro de si. Isso já me bastaria, mas você é uma das minhas escolhidas. Eu não escolho os preparados, preparo os escolhidos.
O sorriso veio dos lábios dele de novo e a luz a banhou por inteiro.
Ela acordou pela manhã com o padre olhando para seu rosto com fisionomia brava e, ao mesmo tempo acolhedora.
Até sua morte ela se dedicou a espalhar o amor que havia recebido e que se multiplicava cada vez mais. Perdoou os pais, os assassinos de seu amado e todos os que dela abusaram e, em paz, viveu para os outros até voltar ao Criador de tudo e de todos. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Vitória Verdadeira


Há em nós seres humanos uma programação que nos impele na direção de algo que muitas vezes não sabemos o que é. Quando algo vem sem muito esforço, tendemos a achar que aquilo não é tão bom assim devido a acreditarmos que tudo deve ser fruto de muito esforço.
Ora, o céu e o inferno colaboram sempre com o ser humano, cada um por seus motivos. O inferno pra criar dependência, o céu para dar felicidade. Sim, todos nascemos para sermos felizes. Nos tornamos fúteis ou dependentes do que os meios de comunicação determinam a serviço do inferno por opção.
Será que todos deveriam ser milionários, bonitos, cultos e etc... para serem felizes?
- Claro que sim! nos diria a grande maioria.
Cada um está exatamente onde deveria para aprender e ensinar. Não quero com isso dizer que você deva estacionar. A caminhada deve ser sempre pra frente em direção da vitória.
A vitória é que é algo diferente para cada um. Busque ser o mais dedicado possível em qualquer que seja a profissão escolhida, mas, antes de tudo, trabalhe no que gosta.
Ame as pessoas do jeito que gostaria que te amassem e nunca espere nada delas. Isso faz a diferença pois quem nada espera se contenta com pouco e de pouco em pouco muito terá.
Seu status morre com você, seu exemplo dura muito mais.
Há os que precisam de muito para aprender e há os que com muito menos são ótimos alunos e professores. Pense na ironia da coisa. Um homem rico geralmente depende de muitos homens pobres para viver, já o homem pobre vive na maioria das vezes muito mais feliz sem depender de tantas pessoas. Se o dinheiro do homem rico acabar será que ele conseguiria viver?
Os sonhos e o conhecimento aliados a fé fazem com que sigamos em frente mesmo contra todas as expectativas.
No mundo capitalista você pode literalmente sair do nada e se tornar rico e poderoso.
Você pode também escolher ser sábio. Sabedoria é algo que independe de dinheiro, ao contrário, muitas vezes te afasta de ter dinheiro. Sabedoria alcançada e reconhecida torna a pessoa absolutamente necessária a todos. Os ricos precisam do sábio, os pobres, os letrados, os homens e as mulheres inevitavelmente precisam em algum ou a todo momento dos seus conselhos e conhecimentos.
Sabedoria é a única coisa que, quando alcançada, ninguém pode tirar de você. O seu saber é exclusivamente seu, por mais que você divida ou ensine é seu e se multiplica na medida em que você o compartilha.
Ao dividir conhecimento, ele aumenta cada vez mais porque com as dúvidas de quem está aprendendo, quem ensina se obriga a por em prática o que aprendeu.
Não há pobres ou ricos no conhecimento, todos precisam dividir para multiplicar.
Use a oportunidade chamada vida para adquirir o verdadeiro tesouro chamado sabedoria e o resto vem. Exatamente na proporção necessária para o grau de aprendizado que você estiver.
Supere a você mesmo sempre. Competir com os outros te dá vitórias passageiras, ultrapassar seus limites te dá vitórias realmente duradouras.
Lembre-se, você está exatamente onde deveria estar para aprender as lições de hoje.
As de amanhã são outra história. Sua história.

Quando você chora


Ai você chora.
Simplesmente chora...
O otimista dirá que você chora de felicidade.
O saudosista dirá que é de saudade.
O derrotista dirá que é porque você algo perdeu...
O inseguro dirá que é porque você tem uma dúvida cruel.
O rico dirá que é porque as ações da empresa caíram,
O pobre dirá que foram os alimentos que acabaram.
O palhaço se sente incompetente...
O inimigo fica um tanto mais contente.
Alguém quer te consolar,
Outro também se põe a chorar.
As fofoqueiras querem saber o ocorrido
Para passar de ouvido a ouvido.
O céu te entende,
O inferno te ofende...
As lágrimas tem esse poder,
De todos ao redor de alguma forma envolver.
Um ou outro vai te perguntar
O que te faz chorar.
Todos sem saber o porque vão tentar te consolar
E tudo o que você queria era chorar
Apenas chorar...