sábado, 14 de março de 2015

Parte do Sonho Já é Realidade

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terça-feira, 10 de março de 2015

Arauto do Sangue IV: A Traição

A mente de Hugo, o Arauto do Sangue, estava indo embora. Já estava quase impossível ter um único pensamento...
Foi quando uma luz extremamente forte brilhou entre as pedras negras da Besta Ancestral.
O corpo de Hugo, antes jogado ao chão, sem vontade própria foi levantado pela Besta. Seus múltiplos olhos fitaram Hugo por um tempo que lhe pareceu uma eternidade.
A Besta olhava a alma de Hugo, o Arauto de Sangue,  soube disso ao conseguir novamente pensar e observar, as únicas coisas possíveis de se fazer naquele momento.
A Abominação entrou na mente de Hugo e, instantaneamente soube tudo o que o Arauto vivera até ser dominado pela pedra negra.
Algo parecido com um diabólico riso trovejou na mente de Hugo.
A Criatura viu o quanto seu Arauto era voltado para o mal, viu nele muitas possibilidades de uso. Isso salvou Hugo de ser drenado ali mesmo.
Com Hugo em suas poderosas garras, a criatura foi até o lado de fora de onde estavam as pedras negras que estavam drenando a mente e o corpo de Hugo e, enquanto decidia o que fazer com o Arauto do Sangue, o jogou no chão inóspito do lugar. Hugo não conseguia mexer nenhum músculo, tanto pelo medo que sentia como pela influencia das pedras negras.
A hedionda criatura, após algumas horas de reflexão, pegou o corpo de Hugo que estava sendo parcialmente devorado por vermes muito comuns e vorazes do local onde estavam e o ergueu acima da cabeça enquanto pronunciava encantamentos em uma língua ancestral.
Os vermes que ainda estavam no corpo de Hugo e os que estavam no local morreram todos de uma vez.
O Arauto do Sangue, ao ser colocado de volta ao solo, já era um ser diferente de qualquer criatura viva. Era uma cópia menor da Besta que o modificara para seus sanguinários propósitos.
As pedras negras já não exerciam poder algum sobre Hugo, que agora as controlava e elas docilmente lhe obedeceriam a menos que contrariasse o seu senhor bestial.
O Arauto sentiu uma sede infernal que só seria saciada com sangue. Alguns animais estavam próximos do local e Hugo, com o poder mental que agora possuía aproximou-se deles sem que pudessem sair do lugar. Apenas emitiam um som vindo como que um choro.
Após drenar o sangue de todos os que viu, Hugo sentiu sua sede acalmar.
Seu mestre, com uma imitação de risada bestial, aprovou seu Arauto.
Mentalmente Hugo soube que seria eternamente servo daquele ser, cuja maldade podia sentir ainda que estivesse em outro planeta.
Os poderes de Hugo cresciam à medida que drenava sangue de suas vítimas.
Um plano audacioso começou a se formar em sua mente ainda mais doentia e inescrupulosa. Enfrentaria a Besta de igual pra igual quando surgisse a oportunidade. até então a serviria como o mais fiel dos servos.
A restrição feita pelo Celestial  que aprisionara a Besta em Ricarium através de magia ancestral não impedia Hugo de sair do planeta. A Besta, mesmo ciente de que seu Arauto a trairia assim que tivesse uma chance, enviava Hugo a missões onde as pedras negras não poderiam ir pois precisavam dos círculos de pedra do Celestial para poderem seguir seu rastro de luz.
Hugo rivalizava seu mestre em crueldade. Os locais onde era enviado após sua passagem eram completamente devastados. Hugo passou a odiar toda forma de vida e a olhar tudo como fonte de energia. Até as plantas tinham a energia drenada por Hugo, que, embora preferisse o sangue de todos os seres que o possuíam, também aprendeu a extrair a seiva vital das árvores. Em todos os mundos visitados por Hugo, o Arauto do Sangue, a vida deixava de existir antes de sua partida.
Com uma crueldade sem limites, Hugo brincava com a comida antes de tudo destruir. Chegava aos diferentes planetas como se fosse um enviado dos céus que a todos iria premiar ou castigar. Construía com seu poder mental todo um sistema religioso ligado a sacrifícios e mortes de inocentes até que o sangue restante estivesse contaminado pela adrenalina da culpa e da ganancia, o que o tornava especialmente delicioso para Hugo. Seu mestre recebia o sangue dos sacrifícios e Hugo reservava para si o sangue dos sacrificadores. Ou por tédio ou por achar sua missão cumprida, na maioria das vezes, após um ano local, o Arauto exterminava toda forma de vida em apenas dois dias locais. Muitos seres eram apenas dilacerados para aumentar o medo dos outros e, assim tornar o sangue mais rico em adrenalina, ou seja, mais saboroso.
Hugo era agora o Arauto favorito da Besta aprisionada em Ricarium. As pedras negras estavam vibrando intensamente cada vez que Hugo voltava a Ricarium. Elas o temiam e reverenciavam assim como os 12 outros Arautos da Besta, únicos remanescentes dos  Sanguis, uma das duas castas de Ricarium.
Hugo sentia que seu poder e influência sobre os outros Arautos e as pedras negras seriam de grande valia para enfrentar a Besta Ancestral. O que o Arauto não sabia era que a Besta sabia de cada pensamento seu e de todos os outros Arautos. As pedras negras também vibravam mais intensamente quando Hugo estava perto porque a Criatura assim o queria. Nenhum dos Arautos, inclusive Hugo, seria páreo para a Abominação Ancestral presa em Ricarium pelo Celestial.
Hugo, há um ano local em Ganimedes, uma das luas de Júpiter, o maior planeta do sistema solar,
entediado, matou dezenas de habitantes das mais variadas formas só para se distrair. O local, um imenso templo com a imagem de Hugo, cultuado por eles por temor e desejo de poder, possuía o formato de uma arena onde cabiam milhares de seres, amontoados e em pé ao redor. No local havia, no centro um imenso fosso e uma espécie de bacia, para aonde escorria o sangue dos degolados seres sacrificados apenas para aplacar a fúria do Arauto. No fosso eram jogados os corpos após terem escorrido todo seu precioso sangue na bacia imensa.
Após as coletas de sangue dos sacrificados, todos viam um objeto parecido com uma imensa carruagem partir em direção das estrelas. Era o recipiente criado pelo Arauto para levar o sangue ao seu mestre.
O Arauto soube assim que chegou a Ganimedes que o sangue esverdeado dos habitantes quando submetido ao "stress" extremo, tornava-se levemente avermelhado e criava enzimas que o tornavam "venenoso", causando uma espécie de torpor que deixava o Arauto sonolento e com os poderes diminuídos.
O Arauto do Sangue viu ai sua oportunidade de enfrentar a Besta com chances de sucesso. Coletou o máximo que pode do sangue expondo antes os sacrificados a intenso "stress" para garantir a toxidade do sangue e o enviou ao mestre, que, devido as limitações dos outros Arautos e as pedras negras, estava já há algum tempo com o estoque de sangue baixo.
Em dois dias O Arauto do Sangue exterminou cinco milhões de seres em Ganimedes, todos sob intenso "stress" e enviou a coleta a seu mestre.
A Besta ingeriu quase a metade do sangue que seu Arauto favorito trouxera. Parte foi dada aos 12 outros Arautos e parte foi usada para banhar as pedras negras, que passaram a emitir um brilho esverdeado intenso.
Todos menos Hugo foram tomados por uma letargia incontrolável e foram caindo um a um dominados pelo sono. A Bestial criatura foi o último a se deixar vencer.
O Arauto ordenou às pedras que drenassem a energia vital dos outros Arautos, cada uma o que a servia. A de Hugo há muito já não existia pois fora absorvida pelo seu mestre a fim de deixar seu Arauto preferido com mais liberdade de ação.
Assim fizeram as pedras negras e todos os Arautos foram esvaziados de energia vital.
Só estavam vivos e atentos Hugo e as pedras negras, que sem seus Arautos e sem sangue puro, tornavam-se cada vez mais fracas.
Foram dias até que as pedras negras deixassem de pulsar e representar perigo a quem atacasse seu criador.
Hugo pacientemente aguardou o momento de atacar seu mestre, a Besta Ancestral. Usando todo seu poder, o Arauto, armado de uma imensa espada que pertencia à Besta, desferiu um golpe no pescoço que separou o corpo da cabeça da criatura medonha.
Com um riso enlouquecido, Hugo se sentiu a criatura mais poderosa da criação. Nada mais havia a temer, derrotara o ser mais poderoso e maldoso que conhecera. Sentiu-se vingado pela morte de todos que conhecia e pelo extermínio da humanidade.
Para ter certeza de que seria o único sobrevivente daquele lugar, resolveu ir ao núcleo do planeta e explodir tudo com um artefato mil vezes mais poderoso que a mais poderosa bomba atômica. Armou o artefato e partiu para o espaço de onde apreciaria sua obra destruidora.
A explosão não aconteceu. O tempo passava e nada da explosão. O Arauto desceu novamente ao planeta para verificar o porque.
Assim que pousou na superfície, garras envolveram seu pescoço e o ar lhe faltou de imediato.
A Besta o erguera do chão e o fitava com seus múltiplos olhos, as garras apertando cada vez mais...
O Arauto sentia as unhas entrando em sua carne e a vida indo embora cada vez mais rápido. Olhou ao redor e viu os outros 12 Arautos olhando seu fim com as medonhas faces demonstrando crueldade e prazer.
Acordou com a criatura despachando os outros 12 cada um para lugares onde estavam os templos circulares criados pelo Celestial.Agora junto com as pedras para apressar a destruição e a coleta de sangue. Seus  poderes se equiparavam aos do traidor.
A Besta olhou para Hugo assim que o último Arauto do Sangue partiu. Hugo não podia se mexer, seu corpo pesava toneladas.
 Sentia uma sede avassaladora, tudo faria para saciá-la. Drenaria o próprio sangue se conseguisse.
Uma imensa cicatriz era visível no pescoço da Abominação. Como era possível ela estar viva?
Aliás, por que Hugo ainda continuava vivo depois de trair seu mestre?
A Besta pousou seus vários olhos em Hugo e mentalmente lhe contou que ambos estavam amaldiçoados para sempre. Ele porque era imortal, Hugo porque a Criatura assim o queria.
Mostrou ao Arauto as diferentes cicatrizes e buracos que não cicatrizavam em seu abominável corpo. Ao longo dos séculos muitos tentaram matar a criatura sem sucesso, os ferimentos que não cicatrizavam haviam sido feitos pelo Celestial, que também não poderia matar a Besta.
A Besta confessou a Hugo que sabia de seus planos para matá-lo e até os incentivou, só para fazer o Arauto ter falsas esperanças e sofrer mais um pouco.
O peito de Hugo estava ferido e seu pescoço também. Foi avisado pela Besta que as feridas jamais cicatrizariam.Diminuiriam à medida que o Arauto drenasse sangue novo, mas jamais cicatrizariam.
Eram agora e para sempre coparticipes da materialização dos piores pesadelos possíveis. Tinham toda a eternidade para se odiarem e compartilharem a sina.
Um como mestre, outro como Arauto.